No dia que vestiria
minha única gravata,
eu senti foi pena dos nós.
Eis o que está em jogo:
domar, no pialo, a vida
e fazer com que ela seja o cavalo inteiro,
passarinheiro que sempre foi.
No meio da capoeira escura
temos a macaúba espinhuda:
e é ela que dá o palmito doce
Dura que nem vidro
Custa um dia inteiro de sol no coco
Custa alguns cabos de machado também
A vida é entrega
(ao menos deveria ser)
Ou laça ou não laça
(cavalo arreado só passa uma vez na vida...
... e ói lá!)
E o diabo? ...Ah há!
O diabo é o palmito doce
e o espinho também.
O Diabo é o toro da vida:
ou se pega pelos chifres
ou te pega pelos chifres
Vale bem à pena viver
prá pegar o diabo à unha.
Vale tanto à pena
que até quando não pega, vale.
Uma vida domando o diabo de dentro
trazendo o bicho prá domar a gente mesmo
vale bem à pena também.
- E o que não vale à pena?
(pergunta o leitor desarcorçoado)
- A gravata!
(responde o poeta bicharedo)
Aquela gravata dá tanta pena
que dá até nó na garganta
...E é tanta pena,
que com pena, tanta,
não se pode voar!
(...E certa vez, outro mateiro me disse,
que poesia
era voar fora da asa).
Fábio Casemiro
Verão de 2017.
Nenhum comentário:
Postar um comentário