sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

OVERCOM - II

“Quase como delírio, sonhava com a correnteza do rio”

Todo fadado a me falar em verso,
um outro modo prá versar-me ouro?
Um canto n’água meio controverso,
Um pouco auto de um móvel-alvo.

No meio há lago que apresenta duplo
o sentido humano, o respeito fado:
eu vejo bombas, deuses, e um charuto
e penseroso de conter eu ato.

Epifania ou dor à contraverso,
vomito ao mundo mudo desprosáico
O que fazer diante deste quero?

Quando contorce o céu todo ao meu lado,
só vejo escravos, lodo, eu sou marreco
e a flutuar no centro: eu sou o Lago.

(Herr Sandmann e o coro de Anjos)

So put your feet in the water
put your hand in the water
put your soul in the water…
And join me for a swim tonight!

Não sou não posso e tão assim não quero
quero de volta o universo tato
não posso ser aceito assim é certo
enquanto em cada som houver um mago.

(Dioniso & Hades em coro no céu)
Your Love is strong!
‘N you’re so sweet
‘N someday baby,
We’ve got to meet!

Quero de volta o microcosmo quieto,
quero envolta o ouro em tolo métrico:
não quero solo o transtorno ávido,
tampouco colo prá chorar quieto!

Eu quero, ocas, todas bruxas longe
Eu quero alísio vento prá meu barco,
(mas doutro lado vem você e responde:

- Ó Rei de Tebas vem pro colo acre,
não passe ao lado de teu sono aonde:
quem dorme esmaga teu destino quando

Não ouve a Esfinge? A tua mãe alarde!

Dai’t’Om Overcom! Daí’t’Om Overcom!
Dae Lastoni quae esti preparatur
Die Regula d’organonnicciatur
Mit’Onna noi Alegra di Tuo Som!

OVERCOM - I

No ano de nosso senhor de 2910, atesto a Ti, noss’Daemonfater Guiamor de Noss’Terras, o descobertamento de mais um arqueolossítio pertencente ao nosso período Prébellicáe.
Como os demais, este possui vestígios de sacrifício humano e animal e situa-se no Acropoliz de montanha. No capitel acropolíneo as inscrições em Português-Selvagem preenchem cada minúsculo espaço de cada parede de todos os templos e, estão tão belamente preservadas, que nossos lingüistas afirmam se tratar, este sítio, do mais belo compêndio literário-político de todas as Comunidadelástone de que se tem notícia até hoje.
No Karios’Zigurath, eis um grande diferencial dos demais lástonessítios, há um conjunto de 2 lagos estranhamente colaterais: ambos medem exatamente 3,80 metors, suas águas são extremamente limpas e azuis, ambos apresentam suas internoparedes como que recobertas por grossas camadas de muco. Seus interiores mais parecem um baleiostoma pronta a nos engolir, ouainda naves de catedralgóticas: nossos mergulhadores entravam em suas gargantas, usando as primeiras costelespinhas como escadas. Próximos entre si, como num oito (∞), eles parecem ser comunicáveis, mas nosso último mergulhador desistiu da busca: faltava linhaguia, esquentava e esfriava muito, sucessivas vezes, quanto mais aprofundava no líquido. Luzes irisavam de dentro, quando neles entraram, mas não encontramos nenhum tipo de instalação elétricoenergóica; nossos laboratórios confirmaram a presença de zoo e fitoplânctus biolucíferos: desconhecidas espécias de nossa Faunoflora.
Nas bordas circundantes do lagohoito (como os pesquisantes estamos chamando), bordam escritos iniciáticos comuns aos Lástones de toda Noss’Terrantiqüa: a riqueza arqueológica deste sito é tão vasta que, finalmente, temos materialfonte necessário às nossas investigações.
O texto bordante, ainda não descriptado, segue abaixo:

Dai’t’Om Overcom! Daí’t’Om Overcom!
Dae Lastoni quae esti preparatur
Die Regula d’organonnicciatur
Mit’Onna noi Alegra di Tuo Som!

Parece mui bonito, um canto coral, um cantomago talvez?


Sem mais, despeço.
Saudações de teu amigoservo,
Prof. Dr. Hermes de Saavedra

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Montanhas da Lunna, 02 da Marcial, de 2910.

domingo, 6 de dezembro de 2009

CARCAÇA

No começo era bom.
Carícia como corpo novo.

Depois, incômodo engodo,
quente,
roçando forte num barulho surdo, seco.

Urticária em brasa:
arrancar colheradas de carne,
deixando sangue exposto em véu baunilha,
seque ou coagule,
coloca à mostra carapaça seca:
casca bruta no brasão das fendas.

Não quero mais coçeira,
Não quero mais a capa grosseira,
tosca,
culpa sem remédio, vício por trás das vistas.

Não quero mais a sina exosqueletiando:
quelônio em modorra,
resto de escolha não tida.

Carapaça,
Carapaça...

E essa carcaça
Mordaça.

E é ela,
Ela.
Víscera.