Das mulheres que amei na vida,
você foi a primeira e aquela
que jamais me perdeu de vista,
que suportou meu pecados com seu amor.
E quando um dia surgi de braços dados
junto àquela que disse minha e que tomei por única,
você aprendeu a amá-la, a fazê-la tua
fecundando girassóis, no fértil solo de minha mais intensa traição.
Aprendeste a amar tudo aquilo que amo,
à revelia de teu gosto, foi gostar do que gosto – e aposto:
amaste minha música e meus livros e as presunções de minha besta erudição.
Mamãe, tu és a prova máxima de que teimosia é virtude
e de que o amor não é pergunta, é resposta, é sentença:
A sentença definitiva, a certeza primeira de minha vida.
Meu beabá, minhas rimas, meu salário e minha bandeira,
Se dez corações tenho foi porque roubei-os de um pedacinho do teu.
Se mil vidas vivi, foi porque um dia me deste a primeira...
... E quando todas forem embora: minhas vidas e meus amores,
sobrarão meus versos, meus sonhos que um dia fui fecundar.
E em cada pedacinho haverá a marca de teus dedos (e por isso os frutos)
E em cada passo que eu deixar sempre haverá, porque antes semente você,
... Haverá o brilho dos teus girassóis.
Te amo mamãe.
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