Não, não mais teime.
É no mundo que faço versos.
Estou rodeado dessa massa asquerosa,
deste lodo quente modorrento,
deste modo surdo que me aplaca o gozo.
Quero sim,
Quero o mundo para além de mim,
Quero o eu pr'além daqui:
Mas não venha me dizer com teu sorriso hipócrita,
o que cabe ou não nos meus versos.
Não quero tua boca aguada,
teus lábios parados como num robô,
dizendo que me quer como letras em um refrigerador.
Eu quero a métrica mais selvagem e a mais formal, a mais formosa.
Quero a aritmética do verso em suas mais vorazes ataduras,
Em suas quadraduras mais gostosas,
Roçando meu teso em paixão.
Sou um poeta no mundo e não do mundo,
Sou um poeta do azul, do verso por excelência,
Mas não porque isso te agrada:
Por que faço sim o que quero...
E que o leitor vá gastar sua retórica de merda,
lambendo pastel em alguma padaria suja,
enquanto, currado por animais,
lava a bunda na pia batismal e histérica do modernismo de 22.
Meu decassílabo de pinto duro,
meu gosto, rosto armado até os dentes,
minha pica santa louca e bilac
com que navalho os sons de minha mente.
Eu quero reto o teto e largo o toldo
(quando todo lado feito é lodo seco
quero meu metro bobo todo gozo).
E feito pouco tanto quanto quero
meu verso rouco e rouca voz é louco
mundo pequeno de dizer eu quero
Insano é manto prá cobrir meu tosco
me centro todo e do teu lado quero
que de uma vez por todas o meu canto
seja mesmo livre pra mais que verbo
até que o metro que eu seja, pouco
até que louco eu penetre o quero.
Até que insano eu devore todo
verso arcano que me jaz funesto
Porque leitor,
meu pobre e pobre leitor...
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