Tudo a matilha audaz perlustra, corre, aspira,
Sonda, esquadrinha, explora, e anelante respira,
Até que, finalmente, embriagada, louca,
Vai encontrar a preza, —o gozo— em tua bôca.
(Teófilo Dias, A Matilha,1882.)
Nós, lobos, traímos como prova de amor e nos encontramos pela porta dos fundos.
Nas aventuras que moram nos canis dos meus desejos:
A monogamia como épico, a traição como pedagogia, a experiência como o abysmo,
No papel a relação sexual. A palavra venatória como materialização perversa do crime.
A perversão estetoscópio, a fantasia esfigmômetro.
Uma obra não se escreve do dia para a noite. Nem a vida.
...Havia um poste de seios a mostra, ocultando, sexy,
As curvas de minissaia, acenando as cintas-liga.
Há uma freira de calcinhas escolásticas nos sonhos e nos estúdios de tatuagem.
Como não percebes que a fidelidade é a mais viril das perversões?
Há uma gota de sêmen em cada volta de dedos que a garota motorista dá
Em suas madeixas de sinal fechado... E como dá gostoso!
Há uma ponta de incêndio em cada vão dos meus pentelhos
Circulando por umbigos, cus, dedos e pelos,
Queimando asfaltos, cristãos, evangélicas e códigos romanos (como um NeoNero).
A última gota de sêmen na ponta da glande,
A foto mostra uma pipa em nosso céu (o encontro tenro do meu pau em sua gruta).
Currada, a outra geme enquanto titubeio o gozo entre uma culpa e um sorriso:
Quantas mortes cabem numa ejaculação?
Quantas confissões locatárias nos quintais dos meus pecados?
Quantas mulheres outras já devorei em holocausto aos teus sorrisos?
Quantas outras infantarias de cintas-liga haverão de existir para acenar minha fidelidade?
Meu tesão pai-de-família, minha perversão sórdida de trair no teu corpo,
De gozar na tua boca, de comer todos os rabos do mundo pelo seu.
Há um gosto de vulva em cada uva. Encosto, glande, em cada úvula.
A Feroz Matilha, o meu corpo indócil, em cada célula,
Brinca, gatinhos com novelo, esfinge sorrindo enigmas,
Na folha do teu corpo onde tatuo os gozos dos meus perversos versos de traição.
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