(Para Ricardo Carpin e Pedro Marques) Antes de começar, Amara Bomba, livra-nos do ódio cá na terra. Veja o homem e a mulher em guerra, o branco engana o preto e ferra, a mão esquerda, a direita emperra... e essa burrice ambidestra é todo dia. Antes de começar, Amara Bomba, veja a miséria que tudo soterra! Veja o Sol e não cometa errar o alvo que, adiante, berra. Bum! Bum! Bum! Que seja o som todos compassos, (passos de dança coração abraços), que é só lhe dar idade que verás, na tua idade, a juventude de nossos corações. Que um filho teu, sim, foge à luta prá ir feliz ao bar ou à roda de samba: e na festa punk desta vida, todos juntos numa só ciranda... Umbanda! Prá não mais, Amara Bomba, nos dando fim à meteórica carreira: mulher ou homem, sem eira nem beira, saem mais fácil desta corda bamba... Prá não mais, Amara Bomba, o colorido, melhor que preto e branco, tá na zabumba com a qual a gente é bamba – mão esquerda e direita sem pendenga: as duas juntas é que lava a bunda! Bum! Bum, não! Amara Bomba! Que este som que em ti rebomba seja o uníssono cômico, o unir cônico, do sonho cromossômico no único funil’lírico, na explosão do coração.
No dia que vestiria minha única gravata, eu senti foi pena dos nós. Eis o que está em jogo: domar, no pialo, a vida e fazer com que ela seja o cavalo inteiro, passarinheiro que sempre foi. No meio da capoeira escura temos a macaúba espinhuda: e é ela que dá o palmito doce Dura que nem vidro Custa um dia inteiro de sol no coco Custa alguns cabos de machado também A vida é entrega (ao menos deveria ser) Ou laça ou não laça (cavalo arreado só passa uma vez na vida... ... e ói lá!) E o diabo? ...Ah há! O diabo é o palmito doce e o espinho também. O Diabo é o toro da vida: ou se pega pelos chifres ou te pega pelos chifres Vale bem à pena viver prá pegar o diabo à unha. Vale tanto à pena que até quando não pega, vale. Uma vida domando o diabo de dentro trazendo o bicho prá domar a gente mesmo vale bem à pena também. - E o que não vale à pena? (pergunta o leitor desarcorçoado) - A gravata! (responde o poeta bicharedo) Aquela gravata dá tanta pena que dá até nó na garganta ...E é tanta pena, que com pena, tanta, não se pode voar! (...E certa vez, outro mateiro me disse, que poesia era voar fora da asa).