quinta-feira, 20 de setembro de 2012

TRÍPTICO DA CONTEMPLAÇÃO (o rio que passa atrás de casa)




Pássaros


Passarinhos melhor cantam quanto mais há sede. 
Daí vem a drosófila (um deus-filosofia que nasce 
da banana) galgando floco a floco que cada oxigênio desvisto: foram só umas retinas.
Na doença da árvore cada passarinho preto é uma
sombra que pousa na pintura.
Pintura não é – Que pena! – (fosse um quadro, era Renoir).








Bimotor


Austero é o ronco do ventilador: Supererói
tentando a todo vapor contra Gaia-Mãe (não 
existem tomadas nos troncos das árvores).
Não há facilidades na solidão, (nem nos regimes) 
mas o Sol gritando em soslaios na árvore (aquele 
passarinho preto, lembra?)... ah o Sol grita de 
susto que pula-pena, pula regime segunda – (que pena!) – feira.
Bastava uma sacolinha que fosse (daquelas no 
bolso prá cocô do cachorro): metia a cena dentro 
e corria pro rio – E salvava a piracema!




3ª Margem

Perguntaram pro veio como que se deitava as 
regra de dentro da cabeça. Disse quando a gente 
deita, a regra vem e deita junto Daí a gente 
levanta mansinho prá pegá as regra dormindo, de 
surpresa.
Tentaram. Deitaram e as regras. Mas esquecendo 
de levantar, dormiam com as regras e o cocoricó 
da segunda.
Procuraram o veio. Reclamaram, reclamaram que 
nunca dava certo. E o veio entrerrisos pergunta 
“O que num deu certo?”
Envergonhados, não fizeram mais perguntas. Dias 
depois voltaram (trôxas e trouxas) É mais um 
puxado no meio do rio.

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