A chuva
lava, leva, livra, louva, luva. Cada gota anuncia dúvida:
quanta dor
cabia em cada junta. Junta a dor, junta a luta
(a garganta
raspava rústica no céu da boca).
E, pântano
de areia, fundo aspiro puxando catarro
parâmetro pedra,
teia: era ferrugem do som, um ácido.
E veio a
chuva,vulva, languidando o sol de verão: vívido cabaço.
E veio que
nem moça nova, gozo de virgem, sonho de puta
no altar.
Era forte, era jorro, era um jato de gozo, engasgado
e denovo era
teso era um arco e uma flexa era um poço no ar.
Tive medo,
tive medo. O desejo no susto, no espelho, abrupto.
Resultado da
reza de muito, três passarinhos na eletrola de um mudo.
No mundo era
o eu do eu meu deus e eus verão...
A-coado,
A-sustado, A-coitado eu lavei meu perdão
um pouco. Inverno,
inferno: era sonho do céu ejaculando
um ovo cada sonho
que tive denovo
... “Oh
chuva, vem me dizer,
se posso ir
lá em cima prá derramá você”.
Fábio
ResponderExcluirmaravilhoso esse poema, belíssimo!
um abraço