A chuva
lava, leva, livra, louva, luva. Cada gota anuncia dúvida:
quanta dor
cabia em cada junta. Junta a dor, junta a luta
(a garganta
raspava rústica no céu da boca).
E, pântano
de areia, fundo aspiro puxando catarro
parâmetro pedra,
teia: era ferrugem do som, um ácido.
E veio a
chuva,vulva, languidando o sol de verão: vívido cabaço.
E veio que
nem moça nova, gozo de virgem, sonho de puta
no altar.
Era forte, era jorro, era um jato de gozo, engasgado
e denovo era
teso era um arco e uma flexa era um poço no ar.
Tive medo,
tive medo. O desejo no susto, no espelho, abrupto.
Resultado da
reza de muito, três passarinhos na eletrola de um mudo.
No mundo era
o eu do eu meu deus e eus verão...
A-coado,
A-sustado, A-coitado eu lavei meu perdão
um pouco. Inverno,
inferno: era sonho do céu ejaculando
um ovo cada sonho
que tive denovo
... “Oh
chuva, vem me dizer,
se posso ir
lá em cima prá derramá você”.