domingo, 25 de setembro de 2011

De Saturno ao Retorno


Poeta é o sujeito que foi atropelado
pela ambulância. Na porta do supermercado
mas todas as garrafas de cerveja foram poupadas.

Eu não quero mais fazer poesia. Medo
tenho medo, tenho medo
das ambulâncias do destino querendo tomar minha cerveja.

Não quero mais a beleza
da vida. Quero sanar a dívida, pagar a conta
ganhar salário para o resto da vida
dormir quentinho protegido
da miséria do meu dia-a-dia.

Da miséria do meu trabalho escravo
da verdade inelutável e sorrateira e inviolável de
meu cheque especial, da fatura do cartão de minha
vida de poeta sem crédito algum.

A solução para nossa vida está em Encélado:
a arquiteta dos anéis de saturno,
Nossa Senhora das Dores, veste o manto dos anéis
quando sai para passear: recebe o nome ressonância orbital.

Na gigantomaquia do dia-a-dia
mesmo Encélado perde a guerra e Atenas
o aprisiona na Cicília.

Se nem os gigantes podem contra os deuses,
o que poderá o meu coração?

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Imagem colhida em: http://devorador-d6-pecado.blogspot.com/2010/11/sexta-lua-de-saturnoencelado.html

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