Só se vive um poema quem cultiva um jardim. o jardim só se faz com ervas daninhas. só experimenta o zen quem vem ao jardim, porque no quintal da nossa vida, não há jardim sem ervas daninhas. virtuoso não é o mestre sem ervas daninhas, virtuoso é o mestre que as arranca todos os dias. só se arranca as daninhas com a mão. o próprio corpo é sempre a melhor ferramenta. aí o corpo se educa, se dobra para arrancar o mal – exercícios... mas a mão é a única ferramenta capaz de amar a erva que arranca: com movimentos bruscos o caule se quebra, a raiz perdura e na próxima chuva ela ressurge em sua petulância. a chuva é oportunidade única: ou faz brotar os picões, os pés-de-galinha, as tiriricas, ou deixa a terra fofa para arrancá-las. só se arranca os matos como quem convida. (os aikidoístas o chamam kokyu) todo movimento é convite é encontro daí se entende que o lugar da planta é ali e que só pela doçura ela sai: é preciso fazer com que ela saiba do desejo de sair.
você pode contratar um jardineiro: certamente terás um jardim profissional, é uma pena, a vida é para amadores. um jardim cultivado pelas próprias mãos é um jardim imperfeito como a vida é. um jardim cultivado por mim me cultiva: por isso no templo de Iwama, logo cedo, antes do primeiro treino, vamos todos ao campo. o movimento na terra respira o movimento do ser.
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