Em 21 de fevereiro,
foi o poeta condenado à forca.
Era o final de sua vida de crimes,
dos seus atos lascivos,
de atentados e atentados à liberdade:
Os medíocres cantavam baladas,
Os incapazes champanhavam vitórias,
Os inúteis avançavam: quantas patentes acadêmicas!
Os funcionários tiritavam em gozo!
foi o poeta condenado à forca.
Era o final de sua vida de crimes,
dos seus atos lascivos,
de atentados e atentados à liberdade:
Os medíocres cantavam baladas,
Os incapazes champanhavam vitórias,
Os inúteis avançavam: quantas patentes acadêmicas!
Os funcionários tiritavam em gozo!
Diziam que o poeta enchotava a felicidade do mundo:
- Roubando palavras das bocas inocentes, ele as embebedava de beleza
até que as coitadinhas voltavam para casa de calcinhas arriadas,
chorando e chorando, molhadinhas, breacas de tanta música e rimas.
Sequer escapavam as palavras do dia-a-dia:
carro, buzina, metrô, barrinha de cereal...
E dizem,
que de um copo de leite, ele um dia fez uma flor!
E que numa fumaça de cigarro, ele fotografou um verso de amor:
- Sua poesia fazia mal à saúde.
Culpado em três instâncias: ministérios do trabalho, educação e saúde,
ele foi obrigado a acordar cedo,
a vestir a gravata,
a ler o evangelho
e a beber o sinal da cruz
(com o mesmo copo de leite com que ganhara
o Nobel de literatura).
Foi encontrado morto em sua cela
(já cogitava os rumos da bravata jurídica).
Em meio àquele sangue todo,
um poeta caído e um sorriso lavrado nos lábios...
Em seu peito,
3 Sonetos dançavam em roda,
e, à queima roupa,
7 redondilhas trespassavam, ensanguentadas,
o miolo mole de seu coração.