(À Souza Cruz)
Minha paixão, minha doença,
Adeus.
Adeus meu vício,
minha palavra presa,
Adeus.
Adeus meu vício,
minha palavra presa,
Meu vulcão-desejo
pintando glamour em tons de cinza:
Adeus.
Adeus.
Adeus à cada ponta de quimera,
junto às caras torcidas
de minha saciedade até a última expiração...
Adeus arremate do gozo,
ponto final do sexo.
Às reticências como auréolas,
místicas,
nas escuras e quentes noites de motel.
Agora basta!
(Bosta)
Para cada palavra que faltou dar-te,
deixo um adeus trocado como carta de trincheira,
como beijo de mãe que planta o filho morto,
como paixão de carnaval que nasce em óbito
(inda que cravada a ferro e fogo nas moles placas da memória).
Adeus para sempre e de uma vez por última:
Adeus pela certeza de seus prazeres falsos,
Pela caridade esquálida, esconderija da vaidade tua:
de ver teu lábio áspero em minha boca,
de ter teu hálito de guarda-chuva em minhas doces tosses de manhã.
Adeus meu vício, minha patologia.
Adeus meu garboso sonho de elegância e pigarros.
Prá onde vou, vou só
(E mais, não cabe dizer-te).
... Doces e virgens,
são as sementes do que ainda não fui.