sábado, 8 de maio de 2010

Nina


(À Souza Cruz)

Minha paixão, minha doença,
Adeus.

Adeus meu vício,
minha palavra presa,



Meu vulcão-desejo
pintando glamour em tons de cinza:
Adeus.

Adeus à cada ponta de quimera,
junto às caras torcidas
de minha saciedade até a última expiração...

Adeus arremate do gozo,
ponto final do sexo.
Às reticências como auréolas,
místicas,
nas escuras e quentes noites de motel.

Agora basta!
(Bosta)

Para cada palavra que faltou dar-te,
deixo um adeus trocado como carta de trincheira,
como beijo de mãe que planta o filho morto,
como paixão de carnaval que nasce em óbito
(inda que cravada a ferro e fogo nas moles placas da memória).

Adeus para sempre e de uma vez por última:
Adeus pela certeza de seus prazeres falsos,

Pela caridade esquálida, esconderija da vaidade tua:
de ver teu lábio áspero em minha boca,
de ter teu hálito de guarda-chuva em minhas doces tosses de manhã.

Adeus meu vício, minha patologia.
Adeus meu garboso sonho de elegância e pigarros.

Prá onde vou, vou só
(E mais, não cabe dizer-te).

... Doces e virgens,
são as sementes do que ainda não fui.